sábado, 24 de dezembro de 2011

cíclico ciclismo do ciclo

Call-me pessimista, mas a vida é essa aí. Um orbitação cíclica com eventuais distúrbios e interferências. E a minha tem se mostrado com um ponto alto, baixo, sei lá (depende do referencial) nesse ciclo: o final do ano. Meu Deus. Que época cagada. Nada sobrevive aqui. Chega outubro, e as coisas parecem que lentamente vão *starving*, vão padecendo na road to recovery. Tem sido tão predizível e inexpugnável isso que eu até tenho parado de reagir, tenho resguardado forças para me impulsionar pra fora desse ciclo. Se eu conseguirei, não sei. Meta 2012: sair de casa. Parece que isso aqui é uma casa de espelhos, todos os caminhos levam às mesmas direções, todos os cômodos são idênticos, todos as ações são miméticas e reflexivas. A única mudança possível é o ponto de vista, e, sinceramente, é exatamente o que fiz. Aliás, taí, 2012. Se o mundo vai acabar, acabará no Natal. 24/ 12/ 12: 24/ 24; sei que não vivi uma bosta nesse mundão, mas juro que se for pra acabar, pelo menos dessa margem, medo não aflige. Até lá, continuemos sentindo essa culpa fifth grade alike, lendo blog de pós-adolescentes solitárias, decidindo entre minhas frustrações e postulando que minha felicidade só é plausível no amor (amor, que amor?).

Vejamos como gira a roda viva.

domingo, 27 de novembro de 2011

eu = mim?

Outro dia tive um insight: a única pessoa a quem somos insubstituíveis é nós mesmos.

Todos podem ser substituídos, todos nos substituem, desvencilham-se de nós, desfazem laços, superam dependências, conseguem arrefecer nossa ausência, a muito ou pouco custo. Eu, entretanto, não pode falta a Mim. Talvez o nome disso seja identidade.

Ou não. Acho que vai pr'além de identidade. É algo quase transcendente, talvez, como aquilo de alma, espírito, pneuma, etc. Não no sentido de anima, do que nos enche vivo, dessa "magia", mas algo mais próximo de consciência... é como a percepção que temos de nós e para nós mesmos, nossa capacidade de admitir certas coisas pra nós, de mudá-las, esse fair-play* de way of life. Engraçado como sempre acabo por tratar desse assunto, não? Identidade e alheamento com a própria vida, com a vida alheia, esse vivenciar de fatos externos, etc.

Minha mãe sempre me xingou pelo mal hábito de não deixar as coisas no lugar que as encontrei; talvez seja isso mesmo, como disse meu bravo amigo Pan, talvez nosso lugar seja em nós mesmos, e fugir de si não é uma opção pois não há eu sem mim nem vice-versa.

Quando a gente descobre que viveu fora de si muito tempo, fica difícil de se voltar pra comigo mesmo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

filosofia barata #2: star dust, terços intergaláticos, o apego e a maré

Issaê, negada. Continuação de post filosófico 'cês já sabem o que conota, né? Tomandonokoo-feelings! Quem sabe um dia voltamos à "normalidade"...
(or not.)

 Assim, em alguns casos temos um relacionamento satélite-planeta, ou planeta-Sol, para ser mais ilustrativo. Em geral, nesses exemplos a pessoa que atua como Sol tem um magnetismo pessoal mais forte, por n motivos, e assim acaba por fazer com a pessoa menos luminosa (lembre-se da relatividade da física passional! A Terra é um pixel desmaiado ao Sol, assim como Vênus a nós) passe a orbitá-la. Veja bem, não necessariamente beleza e cultura são o equivalente ao que chamamos "luminosidade", mas podem sê-lo também. As condições de luminosidade são estritamente pessoais, subjetivas para com a pessoa satélite. Nós, meros observadores, estamos fora do sistema de reações - não somos diretamente atingidos -, e a luz do Sol é a nós, refletores, perceptível, e não a ele próprio [O que quis dizer com isso é que o fantástico nos atinge, observadores, e não à própria pessoa. É claro que muitas pessoas podem ser algo para si mesmo, fingi-lo, mas isso não necessariamente é o que nos impressiona - só sempre terá em si a impressão que atingirá a pessoa-satélite criando apego-gravidade]. Em suma, pessoas que consideramos fantásticas - ou os valores que consideramos necessários para sê-lo - não necessariamente promovem apego entre nós e tal pessoa, assim como o fato de orbitar alguém não nos torna piores - ou acontece por tal motivo -, mas sim porque as características dessa pessoa foram suficientes para nos tornar apegados. Como havia dito, em geral tais casos se sucedem nos estágios de fascinação do relacionamento, quando ficamos mais impressionados pelo brilho de cada um - ou quando o brilho parece mais forte (relatividade, sempre). Com o tempo, geralmente, a luminosidade diminui-se pelos mais diversos motivos - intimidade, acomodação, implicâncias, etc. E isso evidentemente diminui o apego. Provavelmente já perceberam que por "luminosidade" entende-se "impressão", independentemente se falamos em lúmens ou metros cúbicos - até porque essência não é aparência, a mínima esfera de chumbo tem o peso d'um astro de plumas de monolotical impressão. O que quero dizer é que questões racionais elementares, como a densidade - ou mesmo o volume - para a sustentação da gravidade são, talvez, menores à física passional, pois os valores são outros - e variáveis.

<< Não é necessário consenso para compreensão desse exercício de argumentação que ao menos se aproxima do discurso científico como um exercício poético, afinal de contas, pensa-se: o que discorre sobre o subjetivo, sobre o passional, sobre o fenomenal, que não o é? >>

Voltando ao tempo, à acomodação, ao crepúsculo do astro, as causas são várias, mas em geral o resultado é afim: a diminuição do apego, o aumento do distanciamento. Com isso, várias coisas podem acontecer, desde a separação das órbitas, até a impressão e subsequente troca pela orbitação de outros astros. Não sei se também tiveram essa impressão, mas aqui sinto transparecer mais a carga humana destas palavras.


Algo trágico pode acontecer também: em geral a carga de apego de um relacionamento é compensada pelas mais diversas razões, como o orbitar de astros afins, como amigos, conhecidos, pretendentes, etc. A vida e as particularidades do satélite o mantêm em sua órbita, desgastam o apego gravitacional do Sol, promovendo as mais diversas malabarices orbitais. Entretanto, quando o apego gravitacional de uma das partes é tão superior ao conjunto de resistência da outra, uma trágica relação inicia-se, dragando aquela menos compensada numa orbitação cada vez mais espiralada (digo num sentido bidimensional) e acelerada rumo ao centro daquele astro impressionante. E, evidentemente, quanto maior a aceleração e a proximidade do centro, maior a dificuldade em se frear o astro orbital. É nessa fase em que o mundo do satélite passa a ser monótono, desinteressante, bobo e fugidio. Cada vez mais dependente de seu Sol, o satélite passa a evitar as minúcias do seu mundo como se fossem afazeres laboriosos, sempre preteríveis em relação àqueles que envolvem o astro-rei. E quem nunca experimentou tal situação?

É quase um lugar comum pensar na nossa teia social como uma constelação de astros próximos que se inter-orbitam e que se relacionam como que realizando os mais diversos fenômenos astronômicos, o que demonstra ainda mais a validez desse exercício "positivo-simbólico", como o perdão da licença poética.

Voltando à parte do canto do bode, quando tal situação extrema-se, o astro-rei passa a se comportar como um buraco negro: passa a sugar o seu satélite e mesmo àqueles que circundem esse - não no sentido de impressão de novos orbitais, mas sim de diminuição de impressionamento do mundo ao orbital (vale lembrar que nada disso é necessariamente intencional por qualquer das partes, aqui toda a mecânica é quanticamente relativizada), só aumentando a sedução letal do astro-rei.


 Presumível é o choque que tende a se realizar com o diminuir do raio orbital. O que se sucede, então, podem ser três eventos: o primeiro, mais trágico, é um choque que pulverize ambos sol e orbital, o modo como esse choque se apresenta pode ser vários, desde uma briga que faça ambos se desestruturarem, um relacionamento autodestrutivo que termine por ferir ambos irremediavelmente ou até mesmo uma separação que, de tão violenta, impossibilite o contínuo navegar dos astros; [P.S.: interessante frisar que nesse caso é usual perceber que ambas as pessoas ainda se amam ou nutrem sentimentos igualmente fortes - ódio, ciúmes, amargura, etc -, fator que então as desestrutura até não se sabe quando. Tal desestruturamento pode se apresentar como uma obsessão, como uma depressão, uma apatia à vida ou mesmo uma aversão àquilo que a pessoa foi até ou tornou-se pelo relacionamento. O que há de se perceber é a potência do estrago, que leva algo consigo obrigatoriamente, diferentemente do terceiro caso, como verão a seguir]


 O segundo, mais terno, é a mescla realizada pelo choque com os dois astros. Nesse caso, ambos formam uma simbiose onde duas matérias distintas formam um mesmo corpo, uma geosfera afim sedimentarmente homogênea, que cujo temperamento sísmico denuncie a multiplicidade da sua composição. Em suma, é como aqueles casais que passam a depender-se um do outro para a vida, sendo o porquê dos seus negócios (negócio como neg-ócio, negação do ócio, ver etimologia em latim), parte essencial da sua normalidade humorística (digo da causa primordial das alegrias e tristezas. É o motivo de ter um humor neutro cotidianamente, ou mesmo das suas causas primárias de instabilidade), da maior esperança de forma de vida (de continuação da atual condição de vivência, em casal, constituindo família, mantendo o apego. Isso pode ser sim uma construção social, mas ainda assim mostra-se um caso a ser estudado). Por mais que associemos esse exemplos a diversos casais, ele ainda é (supõe-se) um caso raro. É o caso dos anciões que mesmo depois das maiores desventuras continuam a amar-se e a precisar-se; das mulheres de ladrão que mesmo sob a violência doméstica (de inúmeras maneiras) continuam a voltar, e ao ladrão que mesmo em sua explosões (muitas vezes causadas justamente pelo amor, diretamente ou não) torna a se culpar, a se arrepender, a se desculpar; daqueles que mesmo distantes fisicamente distantes, dependem do outro para levar sua própria vida, seja na decisão dos atos, seja na forma de realizá-los.

 Já no terceiro caso encontramos o mais usual. Quando a sentimental colisão ocorre, as forças não se acabam resultando na fusão dos corpos ou na sua destruição, mas sim, tal como quando a destruição não consome de imediato a maior parte das forças, somente desestruturando o astros, transforma a órbita em diferentes rotas, tornando os astro em cometas errantes que apenas cortam e alteram órbitas até que a força propulsora não seja suficiente para inexpugnar o astro errante da gravitação dos sois. Tais astros errantes, ainda que inteiros, caracterizam-se pelo caráter acidentado de sua superfície, marcas indeléveis na topografia-memória dos corpos geodésicos, motivo "subjetivo" da sua vilania ( no sentido de "vilão", aquele sujeito que não pertencia a um feudo específico). Não necessariamente todos os astros cadentes adotam tal comportamento. Alguns passam a orbitar (ou a serem orbitados) sucessivamente, na medida em que a gravidade influencia (impressiona) outros astros apesar da sua força propulsora, repetindo aquele comportamento d alterar a orbitação de outros astros ou a rota daqueles cadentes. Uma hora a força propulsora fraqueja, permitindo ao cadente se influenciar perene outros seres astronômicos. É claro que diversos outros comportamentos pós-colisão são percebidos, e mesmo tipos de orbitação que não se concluam numa colisão existem, pois tanto a vastidão de fenômenos físicos e quânticos aumenta com o tempo como a riqueza de relações e da subjetividade humana se faz crescer a partir da contínua experiência do Homem, sendo ínfimas as possibilidades de analogias.


Thats nothing, folks.
É o que tem pra hoje.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

i'm still yawning

E sabe o que mais assusta?
Perceber que aquela nostalgia por um passado que nunca vivi, sentida durante minhas crises dos 15... 14 (13, 11, 8...) anos eram exatamente o que eu sinto hoje: alheiamento ao mundo, à vida, falta de identidade com o que se vive, essa vontade de sumir, de ser capitado pelo éter para assim pelo menos ter alguma afinidade (eletiva) com o nada.

Engraçado eu ter falado a ele, há mais de um mês, que era tudo sempre cíclico. Ele falou que não... enfim, falou que também sentia, mas que não era 'pra tanto' ou qualquer coisa assim... o tempo e os outros sentimentos vão se infundindo àqueles do passado... e aí aqui estou. Voltando no tempo, ciclicamente.

and after all, i'm only sleeping...



domingo, 30 de outubro de 2011

filosofia barata


Para ler ouvindo.
O amor é de fato estranhíssima situação. Antes que sentimento [páthos], destino, inspiração poética [poesys] ou breve obliteração da razão, é uma nova física. Pois sim, defendo que, além da newtoniana e da quântica, existe a física passional. É a única explicação humana possível para tão estranho viver, para esse "awkward moment" expandido.

A física passional funciona - presume-se - de maneira semelhante à newtoniana, mas quando aplicada a grandes corpos - diga-se de passagem, à gravidade. E, convém mencionar um pequeno, mas interessante diferencial: ela [a física passional] não é de teleologia clara, pois o amor é nebuloso e irascível, desconstruindo esperanças - ainda que sem torná-las móveis, ou ao menos menos "esperáveis" (toda espera é inércia, a esperança é uma condição ainda maior, como a de uma espera duplicada - pela distância do que se ansia e pela aceitação da passividade, logo uma dupla passividade, pois a passividade pautada pela impotência ante algo é uma condição de atividade violácea, como avaliaria Kandinsky, impossibilitada).

A física passional é uma ciência antipositiva, ou, se preferirem, um anticiência. E isso por causa da teleologia. Poderia até dizer que ela o é [anticiência] pela sua falta de lógica, mas isso traria problemas de relatividade e mesmo quanto a validez da lógica. Justamente como a física newtoniana em relação aos bosões (ou bósons, se preferirem) de Higgs e às demais quantumcidades subatômicas que constroem (ou destroem) nossa realidade. Se a teleologia pressupõe caminho, já alheia-se da física passional quando essa amiúde comporta-se tal como aquelas famigeradas partículas que encontram-se em dois lugares ao mesmo tempo.

Pode parecer fantasioso, mas é... lógico. O amor é como o "presente do passado" de Santo Agostinho: ainda que o amor-vívido (a paixão) já tenha se consumido, o amor-latente continua, pois tem a qualidade de brase-mansa, que ainda que não seja tão mais operadora de combustões ou piromaníaca em potência, é de vida delgada e ventilada - vejam bem, na rocha sólido em sua dureza há mais vento-nado que dura matéria.
<"Post cogitatio": nessa catalisação de metáforas e analogias, é interessante pensar na relação de piromancia e piromania, que aparecem adjuntas aqui. A física passional não só tem o caráter piromaníaco (que depois será explorado em analogia à calorimetria) quando fomentadora de páthos, quando consumidora de vivências (a matéria sólida, a energia em potência do sopro, a própria existência) e produtora de reminiscências (assim, operado da transcendência, da sublimação do terreno, do físico, do tegumentar para o nebuloso, toison d'or das lembranças e dos sentimentos passados e delgados), mas também o caráter piromântico de assacar a tudo que toca um embrião de futuro, como uma tag, que como uma bolha de ar, impede o decantamento de tudo onde está embutido na rocha sedimentar que é o passado. Esse é mais um dos porquês da inadaptabilidade da física passional à teleologia: como se atinge um destino, quando se já está nele? Bem própria da física quântica essa distância à lá "gato vivo e morto"...>
Continuando, o amor tanto é ventilado e aéreo que mal se tem notícia dele ontologicamente - ora!, se diria, se o amor tanto é assim tão aerado nada mais normal que pensá-lo como em arché tal elemento como já disse Anaxímenes -, mas não é esse o ponto, a metáfora do aerado é como metonímia para o pouco denso, para o espargido, àquilo que muito se tem de procurar e quando enfim achado mostra-se menor ou menos valioso que todo o vazio que lhe precedia. Esse é o amor, invisível como o quantum, potente como o celeste.
Para ler sentindo.
Na verdade, o vazio é uma convenção. O vazio, quando avaliado nesse contexto, é constituinte do amor, tão palpável ou insípido e inodoro quanto a rocha e os demasiados componente só lidos aqui citados. O vazio, enquanto espaço de não-amor, acaba sob domínio desse - o forte apego do hífen e a distância da negativa não impedem a continuação do amor. A partir do momento que todos os outros sentimento que não o amor passam a ser caracterizados como tal, eles passam a contê-lo.

Em suma, são esses os porquês de a teleologia não ser obstante ou mesmo funcional à física passional: a não-linearidade, a lógica incerta, as provas nebulosas. Também poderia dizer que em seu momento mais vívido (de paixão), o amor é um fenômeno de tal maneira ofuscante que torna-se quase impossível se atentar ás suas vicissitudes e minúcias, É como querer avaliar o Sol a olho nu, como querer medir a força d'um maremoto com a peito, como querer acreditar em Deus experimentando-o. A grandeza do fenômeno não só é uma fonte ínfima de observações, mas como também possibilidade da sua continuação temporal - para redundância  "presente do passado". Tão ofuscante é que requer algum distanciamento para sua observação, quiçá requer seu próprio fim. Ou seja, analisá-lo é findá-lo. E, pois não voltamos àquilo de falta de logica e extenuação da teleologia? Voltemos além: aqui está um dos porquês da proximidade entre física passional e astronomia (ou gravidade, para simplificas as referências) - ambas estão mais próximas do circular, do elíptico, do referencial e da entropia que do retilíneo, do linear. Assim, a lógica, o desenvolvimento da física passional é necessariamente redundante, e ainda mais, a lógica passional está tão relativizada que mais parece fazer um todo e estar a ele submetida do que ser algo independente ou mesmo focalizável - a este momento algum leitor ou leitora já deve ter contado o segundo argumento contra a continuação desse texto. Há que se perceber, porém, que se não tudo, quase tudo da existência (ou da não-existência) está sob as mais diversas influências e relações, frustrando assim os observadores mais separatistas (bairristas, enfim). O próprio cosmos, a totalidade maior da nossa analogia astronomicopassional (se considera-se o éter como parte constituinte), é constituído por ínfimas relações - as poeiras alteram-se ou alteram o comportamento de corpos como cometas e estrelas, por sua vez alteram-se ou alteram a rota ou mesmo a integridade se satélites, na sua dança torno o sol - ou sois, que centro do sistemas com ele gira contundindo galáxias que todas acabam por formar e se formar em universo - ou universos, sempre expandindo-se rumo ao vazio. Querer contabilizar cada relação seria computação quântica, vista a infinita expansão e permanente mutação.

E, afinal de contas, assim é o amor, sempre avançando e criando relações nos universos de cada vida individual. Quem não dirá de um relacionamento onde pouco a pouco cada minúcia da vida cotidiana tomou um gosto diferente e de que mesmo aquilo que nada tinha a ver com o amor acabou por dele tornar-se parte justamente por contê-lo na sua ausência?
Para ter forças pra viver.
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Post mais longo do Tomandonokoo-Bonjour, le bonheur? Isso mesmo prod? Escrito no caderno enquanto na Casa Fiat de Cultura esforçando para fazer passar o tempo de labor. By the way, frase proferida por um menino de uns 5~6 anos quando saindo da exposição e vendo a chuva que ameaçava:
- Tá chovendo Platão!
Façam suas próprias interpretações.

sábado, 15 de outubro de 2011

"Dreams" ou Do maldizer à proatividade;

Hoje eu sonhei com ele. Sonhei que ele tinha me chamado no Facebook. Queria encontrar. Sonhei que ele vinha pra cá com a família fazer sabe-se lá o quê. Acho que eu falei que nós podíamos nos encontrar aqui em casa, por isso ele veio, com a família e com o superego nas costas. Nos encontramos no meio do caminho, e, ah, parecia que nada tinha acontecido. Parecia que selávamos o olhar pra nunca mais deixar nenhuma nuvem cataratesca de incerteza se permear... nesse instante só, como a música do Graveola. Ele acabou indo pro shopping enquanto eu conversava com o irmãozinho dele, ríamos, curtíamos - digo, eu e o irmãozinho. Depois, na dúvida de entrar no ônibus da família e do superego, que, vejam bem, eu tinha que pagar uma passagem astronômica para ir, liguei-lhe para perguntar se era isso mesmo. E ele "Não, vem pra cá!". Ah, eu vou, eu estou indo. Então antes de chegar em casa, para então ir ao seu encontro, acordei.

Tem sido assim uma dorzinha, sabe. "Pode olhar mais uma vez pra trás só pra dizer que gostava, seu olhar trazendo flores que você esqueceu de regar", diriam os Graves. Depois de uma semana segurando a respiração debaixo d'um rio de melancolia, como aquela cena d'As Horas, me levantei lavando toda sujeira tegumentar. Mas o que (está)va dentro persistiu. Ironicamente, como tudo, começou a chover com o início deste post. Lembra qual foi a última palavra que nós trocamos (digo, que eu te dei)? "Cuidado com a chuva".  O disse e, pouco depois, as chuvas despencaram das suas embarcações acinzentadas, para trazer do azul do céumarzão melancólico embaranhado nos nós dos cabelos de nereidas-Yemanjás. A vontade que dá é de se afogar nas sombras, de ir embora. A sensação é mais ou menos esta:
 "I feel like a part of a book I read".

  •  tudo azul e orgânico. tudo mais céu e mar. tudo no firmamento é peixe, alga ou estrela - ou cabelo de nereida. ainda que o firmamento seja aquele de andar com a ponta dos dedos, de indicar a lua com aponta dos pés.
    08 de outubro às 16:54 

  • ‎(e de repente o mundo liquefaz)"

Não dá pra saber se as nuvens se escondem na torrente-lençol freático-rococó, ou se fogem dela. Não dá pra saber se o holocephalio nada na direção da torrente, ou se está imóvel, deixando-se engolir. Não dá pra saber se as mangas são enfeites ou corações de nereida, se são seixos macios e suculentos, se são fito e zooplanctos em sua microvida. Todas as invisíveis estrelas sólidas-ululantes do céu estendem podos e se encaminham pra escuridão da sua certeza, pro buraco-negro da frustração.

Mas, hoje em dia,

Não se sabe se o astro se esconde ou se revela sobre a muralha tegumentar, mas independentemente seus raios solares retem-se sobre as nuvens em fuga, refletem-se no teto azul do firmamento. É difícil se esconder nas sombras, porque todos os nossos sonhos se escondem na escuridão. Ainda que tateie sua contra-forma da luz no chão, ainda que me permita esse simulacro, os abraços são todos bidimensionais.

"And everywhere I go, there's always something to remind me of another place in time, where love that travelled far had found me."

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

[nome de viajantes dos sonhos]

Essa noite sonhei que estava míope. Eu estava no Palácio das Artes, fazendo sei lá o quê, só sei que eu não consegui enxergar nada longe. Isso me parece algo tão cheio de significados! Digam se não parece um símbolo de futuro incerto, de falta de planejamento, de efemeridade das vivências presentes (ô, e esse daí a gente sabe bem, hein produção?)... e quanto mais eu me esforçava para conseguir ler o que estava longe, mais meus olhos doíam, mais minha visão cansava. Se não me engano, no começo do sonho, eu tinha só a impressão de não conseguir ler à distância, e já pro fim, de tanto forçar, o que estava longe mostrava-se inlegível já.

Simbólico demais pra mim. Vejamos como se comportará a vida...
A música não tem necessariamente a ver com o sonho, mas quis colocá-lo aqui.