domingo, 13 de março de 2011

Análise Pelicográfica #6 - "American Psycho" (2000)

Não é o pôster oficial, mas creio ser o que mais bem cabe na história.

Título traduzido: Psicopata Americano
Direção: Mary Harron
Gênero: Ação, Drama, Suspense
Origem: EUA
Diálogo: Inglês
Duração: 1 hora e 41 minutos segundo a Wikipédia
Cor: Colorido
O download eu vou ficar devendo dessa vez, galeras. So sorry.

 Lengeda marítima: pequenos negros equivalem a link! Como considero as imagens que postei não decivas na trama, resolvi deixá-las visíveis (por preguiça de postar no Picasa, bjoux).
  Este é um filme que me lembra muito os posts da Lola, especialmente os sobre a comodidade de se ser branco, homem, heterossexual, rico, etc. Ou seja, de nacer com a vida ganha. Afinal de contas, nós pobres temos que enriquecer, todo o restante do mundo que não é caucasiano tem que se aceitar e superar os preconceitos (quando não há a exigência de embranquecimento, claro), toda mulher tem que dar muito (senão é mal comida) e ter filhos e casar (senão vira tia, aliás, tia é que ela não poder virar mesmo, se me entendem), todo gay tem que, sei lá, virar professor de português enrustido e casar com alguma mulher infantilizada.
  
 O filme, ao meu ver, vai além de uma crítica somente à elite, ou, para contextualizar / regionalizar, aos yuppies, mas sim à sociedade estadunidense, ou, por melhor dizer, à sociedade capitalista. Pois, numa sociedade socialista, espera-se que não haverá necessidade de adequação a grupos sociais. Não posso dizer quanto o âmbito cultural pois tive uma discussão infrutífera sobre o assunto e não tenho carga acadêmica razoável para me declarar sobre. Ainda assim, é inegável que o capitalismo fomenta uma opressão social para o enquadramento em padrões. Afinal de contas, é muito lucrativo promover um ideal de beleza, um produto hype, um estilo musical cool, um evento vip. No filme temos isso perfeitamente.

 O personagem principal, Patrick Bateman, é um executivo de sucesso. Não se sabe como ele chegou até onde está, mas temos pistas de que ele já vem de uma família rica (estudou em Harvard, que como todas as universidades no expoente capitalista EUA, é paga e caríssima), o que teria então facilitado sua ascensão e, claro, sido mais um motivo de opressão (afinal de contas, filho de peixe peixinho é, fruta não cai longe do galho, etc). Numa cena aos 10" (minutos), a noiva igualmente fútil de Patrick nos dá uma dica: seu pai seria então o presidente da empresa.
Branco, sarado, cabelo liso, rykoh. Só faltou ser alto e andar num cavalo branco!
  Para se enquadrar na sociedade em que vive, ou melhor, pra ser amado, e não ridicularizado, Patrick tem que passar por uma série de importantíssimas provações: conseguir reservas no melhor restaurante, fazer o melhor cartão, morar no melhor endereço, comer a melhor mulher. Fútil pra você? Não pra ele.
  Aparentemente esta é a vida que ele sempre levou, a sociedade na qual sempre viveu. Conhece pessoas da escola privada, da faculdade privada ou da empresa privada. Mas ninguém nunca perguntou a ele se era isso mesmo que ele queria. Ou, melhor dizende, nem ele mesmo sabe se era isso que queria. Algumas vezes temos a sensação de conhecer um dos seus motivos de vergonha: música brega. Patrick escuta um tipo de música que mantém só pra si, e que só demonstra quando resolve liberar-se: quando mata alguém.
Em todas as cenas que ataca alguém, sem exceção, ele dá uma aula sobre @ artista preferid@ dele. Numa das cenas faladas, ele leva uma antiga conhecida para casa, e quando começa o ritual açouguístico, a conhecida o ridiculariza pelo gosto musical dúbio. Se não me engano, é Whitney Houston a trilha sonora da carnifina. Mais tarde, quando investigado pelo assissano de alguém mais tarde comentarei sobre, o detetive mostra um CD de um dos seus artistas preferidos, e pergunta se ele gosta. O que ele responde? "Não, é 'preto' demais pra mim'. Irônico, não?
A noiva-enfeite tagarela enquanto ele escuta sua música-libertação.

Já no começo do filme vemos como nosso querido protaga tem sinais de desvio de sanidade: diversas vezes fala algo, ou pensa coisas que são, no mínimo, contundentes. Não sabemos se ele falou mesmo, ou se aquilo foi só um pensamento, como numa buatchy aparentemente GLS para a qual vão, mas que ironicamente não tem relevância na trama. Pequenos indícios de possíveis interpretações duplas.Outra coisa que é no mínimo curiosa, é uma personagem secundária, terciária ou sabe-se lá o que que aparece uma vez só na trama. Temos a impressão que Patrick a seduz, mas o que acontece com ela depois? No one knows.
vacilam sifudeo
 Num clima não muito animador temos o primeiro conflito do filme: o personagem de Jared Leto o confronta diretamente. Não obstante em ser parecido com ele fisicamente, é mais bem sucedido. É o que ele deveria ser. Tal fato deixa Patrick desestabilizado a ponto de matar mendigos na rua. A solução é uma só: Matar Leto e assumir sua personalidade. 

 Apesar de ser um crime de solução óbvia, os preconceitos e a sociedade impede que Patrick seja punido: numa crise, após matar várias pessoas na rua, ter alucinações e explodir viaturas da polícia com uma arma normal e poucos tiros (fuga da realidade?), ele confessa ao seu advogado tudo que fez. E depois, quando conversa com ele, é tudo encarado como uma brincadeira. O por quê? Porque o advogado havia almoçado com Leto 10 dias anteriores a confissão de Patrick (obviamente depois do assassinato), exatamente tal qual a desculpa dele (que Leto teria viajado a Londres). Estranho, não?

Na verdade, não era Patrick que estava fora da realidade, era a sociedade que está.
PS: me desculpem a conclusão abrupta da análise, mas estou cansado e fedido. Tem pão véi não. Vão procurar mais análises lá em outra freguesia. besitos, amo todos vocês! <3

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