quinta-feira, 14 de julho de 2011

Discreto Chame da Burguesia

Resposta a (uma série de) comentário sobre a seguinte notícia:

Copyright: França já advertiu quase 500 mil por baixarem conteúdo pirata


@Allan Taborda dos Santos

Claro que as leis não devem seguir cegamente os costumes de um povo, mas sim refletir acerca esses e prever o que de melhor pode ser salvaguardado neles. Acho ainda, que os costumes não são o principal enfoque, mas sim as faltas que o sistema em que vivemos reproduz; se não temos boa educação, então devemos ter leis que proíbam assassinatos, roubos, corrupção, etc; se não temos um sistema de promoção da cultura, então devemos ter uma lei de incentivo à cultura.

Mas é óbvio que o interesse dos que estão no poder, quando se pensando da democracia burguesa, não é ter as leis como medidas paliativas que sejam cumpridas até que seja sanada a sua origem, mesmo porque tais faltas são engrenagens do funcionamento do capitalismo. As leis são simplesmente bridas para guiar a massa quanto o interesse burguês. E tal instituição francesa, Hadopi, é um ótimo exemplo disso. A internet é sim um meio que subverte o capitalismo, que propicia o acesso a riqueza virtual, o software, àqueles que não teriam condição de fazê-lo pelo seu caráter de proletário, pequeno-burguês, etc. Tanto que a indústria cultural, anomalia da cultura criada pela ascensão burguesa, já tremeu frente a possibilidade de ter suas mercadorias acessadas gratuitamente pela massa, o que impediria sua continuação (e é aí que se encontra a cultura indie, não de óculos Ray Ban e calça xadrez, mas sim desenvolvendo cultura sem ter que acessar a burguesia cultural e possibilitando seu acesso a todos).

É preciso entender que a cultura é, antes de uma mercadoria, um direito humano. Aquele que faz cultura tem que se ver como influenciador das massas, não como um autor que amarra o que produz com arames farpados (chamados também de "direitos autorais"). Até porque a cultura nunca é algo completo em si, sem influências e fontes. Somente assim seria possível e verdadeira a utilização de tais "direitos do autor", negando a enorme influência, a "Nachleben der Antike" que existe em tudo que fazemos. Tais leis que cerceiam o acesso a cultura são simplesmente antihumanistas. E não estou negando o trabalho de programadores, artistas, editores, ilustradores, etc. Mas uma alternativa além do open source, além da produção indie, é a criação de "softwares lite" e "softwares pro", com bastante sinceridade e menos austeridade. Um bom exemplo, talvez é o Real Player, que como software freeware, limitado, já supri necessidades de usuários comuns.

Não devemos nos resignar com o muramento de conhecimento e cultura, nos satisfazendo com produtos e cultura de massa. Devemos, sim reivindicar por cultura e conhecimento de qualidade, que nos forneça os meios necessários para a nossa própria produção intelectual! Aceitar de cabeça baixa as normas que os burgueses, detentores dos meios de produção em geral, e atentados a deter nosso espírito (favor não fazer a idiotice de ler tal frase religiosamente), é simplesmente vender nossos direitos humanos! É vender nossa humanidade, e atestar a nossa bestialização!

DO WHAT YOU WANT 'CAUSE A PIRATE IS FREE!

Um comentário:

  1. No entanto, não podemos esquecer que a consulta aos diversos militantes obstaculiza a apreciação da importância do sistema de formação de quadros que corresponde às necessidades.

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ativas.