domingo, 21 de agosto de 2011

Inércia Proativa

Sabe, às vezes eu, de fato, sou como um vampiro que suga a pneuma alheia, tal como está no "sobre mim". Não quero dizer que eu seja invejoso, copioso ou qualquer desses adjetivos que os escritores de auto-ajuda de Lojas Americanas tanto gostam de falar (que não passam, ao meu ver, de maquiagens pra algo muito mais profundo: o cerceamento da vida que o capitalismo promove). O que acontece é que eu vejo a vida (dos outros) passar. E vejo minha vida na vida dos outros. De vez em quando tenho a impressão de que minha vida é algo absurdamente experimental, é quase uma terceira-pessoa. Eu me narro o que vivo. E penso qual é o tom dessa narrativa, sobre o quão verossimilhante ela é com a vida de fato (a que eu deixo de viver para narrar). Diria que estou numa fase de intensa vivência, mas ironicamente ainda aqui, nesse "lugar comum", a narrativa continua sendo tão latente e potente quanto aquilo que de fato vivo. E só resta a dúvida: vivo? Algum psicólogo comportamental chamaria toda essa poética do absurdo acima de proatividade, e não nego que o seja. Talvez seja o traço de algum arquétipo, algum complexo, que não seria? De humano, basta o chão. A inércia da proatividade lentamente engessa a vivência. Quando percebo estou com os pés enraizados no solo e com as mãos esfaceladas sobre a face ("palmaface"). E aí, quem lerá tanta narrativa? Eu mesmo, que já as conheço? Auto-epístolas é demais até pra mim.

[Pensamento interrompido em função de estar ouvindo "Everything goes my way", do Metronomy.]

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