segunda-feira, 14 de novembro de 2011

filosofia barata #2: star dust, terços intergaláticos, o apego e a maré

Issaê, negada. Continuação de post filosófico 'cês já sabem o que conota, né? Tomandonokoo-feelings! Quem sabe um dia voltamos à "normalidade"...
(or not.)

 Assim, em alguns casos temos um relacionamento satélite-planeta, ou planeta-Sol, para ser mais ilustrativo. Em geral, nesses exemplos a pessoa que atua como Sol tem um magnetismo pessoal mais forte, por n motivos, e assim acaba por fazer com a pessoa menos luminosa (lembre-se da relatividade da física passional! A Terra é um pixel desmaiado ao Sol, assim como Vênus a nós) passe a orbitá-la. Veja bem, não necessariamente beleza e cultura são o equivalente ao que chamamos "luminosidade", mas podem sê-lo também. As condições de luminosidade são estritamente pessoais, subjetivas para com a pessoa satélite. Nós, meros observadores, estamos fora do sistema de reações - não somos diretamente atingidos -, e a luz do Sol é a nós, refletores, perceptível, e não a ele próprio [O que quis dizer com isso é que o fantástico nos atinge, observadores, e não à própria pessoa. É claro que muitas pessoas podem ser algo para si mesmo, fingi-lo, mas isso não necessariamente é o que nos impressiona - só sempre terá em si a impressão que atingirá a pessoa-satélite criando apego-gravidade]. Em suma, pessoas que consideramos fantásticas - ou os valores que consideramos necessários para sê-lo - não necessariamente promovem apego entre nós e tal pessoa, assim como o fato de orbitar alguém não nos torna piores - ou acontece por tal motivo -, mas sim porque as características dessa pessoa foram suficientes para nos tornar apegados. Como havia dito, em geral tais casos se sucedem nos estágios de fascinação do relacionamento, quando ficamos mais impressionados pelo brilho de cada um - ou quando o brilho parece mais forte (relatividade, sempre). Com o tempo, geralmente, a luminosidade diminui-se pelos mais diversos motivos - intimidade, acomodação, implicâncias, etc. E isso evidentemente diminui o apego. Provavelmente já perceberam que por "luminosidade" entende-se "impressão", independentemente se falamos em lúmens ou metros cúbicos - até porque essência não é aparência, a mínima esfera de chumbo tem o peso d'um astro de plumas de monolotical impressão. O que quero dizer é que questões racionais elementares, como a densidade - ou mesmo o volume - para a sustentação da gravidade são, talvez, menores à física passional, pois os valores são outros - e variáveis.

<< Não é necessário consenso para compreensão desse exercício de argumentação que ao menos se aproxima do discurso científico como um exercício poético, afinal de contas, pensa-se: o que discorre sobre o subjetivo, sobre o passional, sobre o fenomenal, que não o é? >>

Voltando ao tempo, à acomodação, ao crepúsculo do astro, as causas são várias, mas em geral o resultado é afim: a diminuição do apego, o aumento do distanciamento. Com isso, várias coisas podem acontecer, desde a separação das órbitas, até a impressão e subsequente troca pela orbitação de outros astros. Não sei se também tiveram essa impressão, mas aqui sinto transparecer mais a carga humana destas palavras.


Algo trágico pode acontecer também: em geral a carga de apego de um relacionamento é compensada pelas mais diversas razões, como o orbitar de astros afins, como amigos, conhecidos, pretendentes, etc. A vida e as particularidades do satélite o mantêm em sua órbita, desgastam o apego gravitacional do Sol, promovendo as mais diversas malabarices orbitais. Entretanto, quando o apego gravitacional de uma das partes é tão superior ao conjunto de resistência da outra, uma trágica relação inicia-se, dragando aquela menos compensada numa orbitação cada vez mais espiralada (digo num sentido bidimensional) e acelerada rumo ao centro daquele astro impressionante. E, evidentemente, quanto maior a aceleração e a proximidade do centro, maior a dificuldade em se frear o astro orbital. É nessa fase em que o mundo do satélite passa a ser monótono, desinteressante, bobo e fugidio. Cada vez mais dependente de seu Sol, o satélite passa a evitar as minúcias do seu mundo como se fossem afazeres laboriosos, sempre preteríveis em relação àqueles que envolvem o astro-rei. E quem nunca experimentou tal situação?

É quase um lugar comum pensar na nossa teia social como uma constelação de astros próximos que se inter-orbitam e que se relacionam como que realizando os mais diversos fenômenos astronômicos, o que demonstra ainda mais a validez desse exercício "positivo-simbólico", como o perdão da licença poética.

Voltando à parte do canto do bode, quando tal situação extrema-se, o astro-rei passa a se comportar como um buraco negro: passa a sugar o seu satélite e mesmo àqueles que circundem esse - não no sentido de impressão de novos orbitais, mas sim de diminuição de impressionamento do mundo ao orbital (vale lembrar que nada disso é necessariamente intencional por qualquer das partes, aqui toda a mecânica é quanticamente relativizada), só aumentando a sedução letal do astro-rei.


 Presumível é o choque que tende a se realizar com o diminuir do raio orbital. O que se sucede, então, podem ser três eventos: o primeiro, mais trágico, é um choque que pulverize ambos sol e orbital, o modo como esse choque se apresenta pode ser vários, desde uma briga que faça ambos se desestruturarem, um relacionamento autodestrutivo que termine por ferir ambos irremediavelmente ou até mesmo uma separação que, de tão violenta, impossibilite o contínuo navegar dos astros; [P.S.: interessante frisar que nesse caso é usual perceber que ambas as pessoas ainda se amam ou nutrem sentimentos igualmente fortes - ódio, ciúmes, amargura, etc -, fator que então as desestrutura até não se sabe quando. Tal desestruturamento pode se apresentar como uma obsessão, como uma depressão, uma apatia à vida ou mesmo uma aversão àquilo que a pessoa foi até ou tornou-se pelo relacionamento. O que há de se perceber é a potência do estrago, que leva algo consigo obrigatoriamente, diferentemente do terceiro caso, como verão a seguir]


 O segundo, mais terno, é a mescla realizada pelo choque com os dois astros. Nesse caso, ambos formam uma simbiose onde duas matérias distintas formam um mesmo corpo, uma geosfera afim sedimentarmente homogênea, que cujo temperamento sísmico denuncie a multiplicidade da sua composição. Em suma, é como aqueles casais que passam a depender-se um do outro para a vida, sendo o porquê dos seus negócios (negócio como neg-ócio, negação do ócio, ver etimologia em latim), parte essencial da sua normalidade humorística (digo da causa primordial das alegrias e tristezas. É o motivo de ter um humor neutro cotidianamente, ou mesmo das suas causas primárias de instabilidade), da maior esperança de forma de vida (de continuação da atual condição de vivência, em casal, constituindo família, mantendo o apego. Isso pode ser sim uma construção social, mas ainda assim mostra-se um caso a ser estudado). Por mais que associemos esse exemplos a diversos casais, ele ainda é (supõe-se) um caso raro. É o caso dos anciões que mesmo depois das maiores desventuras continuam a amar-se e a precisar-se; das mulheres de ladrão que mesmo sob a violência doméstica (de inúmeras maneiras) continuam a voltar, e ao ladrão que mesmo em sua explosões (muitas vezes causadas justamente pelo amor, diretamente ou não) torna a se culpar, a se arrepender, a se desculpar; daqueles que mesmo distantes fisicamente distantes, dependem do outro para levar sua própria vida, seja na decisão dos atos, seja na forma de realizá-los.

 Já no terceiro caso encontramos o mais usual. Quando a sentimental colisão ocorre, as forças não se acabam resultando na fusão dos corpos ou na sua destruição, mas sim, tal como quando a destruição não consome de imediato a maior parte das forças, somente desestruturando o astros, transforma a órbita em diferentes rotas, tornando os astro em cometas errantes que apenas cortam e alteram órbitas até que a força propulsora não seja suficiente para inexpugnar o astro errante da gravitação dos sois. Tais astros errantes, ainda que inteiros, caracterizam-se pelo caráter acidentado de sua superfície, marcas indeléveis na topografia-memória dos corpos geodésicos, motivo "subjetivo" da sua vilania ( no sentido de "vilão", aquele sujeito que não pertencia a um feudo específico). Não necessariamente todos os astros cadentes adotam tal comportamento. Alguns passam a orbitar (ou a serem orbitados) sucessivamente, na medida em que a gravidade influencia (impressiona) outros astros apesar da sua força propulsora, repetindo aquele comportamento d alterar a orbitação de outros astros ou a rota daqueles cadentes. Uma hora a força propulsora fraqueja, permitindo ao cadente se influenciar perene outros seres astronômicos. É claro que diversos outros comportamentos pós-colisão são percebidos, e mesmo tipos de orbitação que não se concluam numa colisão existem, pois tanto a vastidão de fenômenos físicos e quânticos aumenta com o tempo como a riqueza de relações e da subjetividade humana se faz crescer a partir da contínua experiência do Homem, sendo ínfimas as possibilidades de analogias.


Thats nothing, folks.
É o que tem pra hoje.

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